Parque Atlântico recebe jardim de chuva em local ineficaz

Moradores e comerciantes da região denunciam que a construção no local tem outros motivos.

FOTO DE HIGOR DEL CARMO

No dia 03 de novembro, a Subprefeitura da Capela do Socorro, junto ao prefeito da cidade de São Paulo, Ricardo Nunes, inauguraram 02 jardins de chuva na região. Este projeto tem o objetivo de drenar as águas da chuva e amenizar os efeitos de enchentes e alagamentos na região. Um destes jardins está localizado no cruzamento da Avenida Atlântica com a Avenida Teotônio Vilela, mas os moradores e comerciantes dos arredores denunciam a desnecessidade desta obra no local.


FOTOS DE HIGOR DEL CARMO

A região escolhida fica em frente a uma parada de ônibus bastante movimentada, além de ser um local de muitos comércios. Na teoria, o jardim de chuva viria a calhar se chovesse bastante ao ponto de causar uma enchente. Na prática, não funciona assim, já que os moradores afirmam nunca terem tido problemas como alagamentos naquela região.

O comerciante Alberto dos Santos Almeida é morador do Parque Atlântico há mais de 50 anos. Ele relembra a pavimentação da Avenida Teotônio Vilela e declara que nunca teve problemas relacionadas ao excesso de chuvas na região. Alberto acredita que a construção do jardim de chuva naquele local específico tem haver com a ocupação de pessoas em situação de rua que consomem drogas por ali.

“Aqui nunca deu alagamento. Isso dali é uma avenida, em baixo tem um rio que foi canalizado, a água vai toda para o ‘riozinho’. É ridículo falar que isso daí dá alagamento, nunca deu e é impossível dar. Eu vi construir, são 05 tubos, aqueles grandes que colocaram quando canalizaram e fizeram a avenida em cima. Isso daí é uma obra que ficou ‘bonitinho’, ficou ótimo. Só que os moradores de rua, eles estão todo aqui na frente do meu comércio e das lojas de carro, e isso afugentou todos os clientes, estou com meu estabelecimento de portas fechadas.”

O morador também informa que as pessoas em situação de rua fazem uso de crack e queimam fios de cobre, que soltam uma fumaça tóxica que invade as casas e estabelecimentos próximos e obriga o fechamento de portas e janelas.


FOTO DE HIGOR DEL CARMO

Adailton Costa Silva também é comerciante e morador do Parque Atlântico. Ele acompanhou a construção do jardim de chuva, mas também declara que o motivo da obra tem mais relação a desocupação das pessoas em situação de rua no local, do que problemas com enchentes e alagamentos.

“Pra começar isso daí não alaga, o que alaga é lá na frente do ponto final. Mas aqui, nessa área onde foi construído o jardim não alaga. A intenção deles [equipe da subprefeitura] era de tirar os moradores de rua e os barracos que eles faziam aí, porque eles já estavam fazendo com primeiro e segundo andar, um barraco em cima do outro. Então eu acredito que devido as reclamações dos comerciantes da área, eles fizeram estes canteiros. Mas, no meu ponto de vista, sem utilidade nenhuma porque tiram eles de um lugar e eles migram para outro. Saíram da lateral das nossas lojas e vieram para a frente. Então assim, não tem jeito. Só Deus mesmo ou tentar achar um lugar para salvar estas vidas, alguma entidade ou ong que possa salvar a vida dessas pessoas.”


FOTO DE HIGOR DEL CARMO

Na ocasião da inauguração destes jardins de chuva, o prefeito Ricardo Nunes declarou:

“Esta era uma área de descarte irregular, que acumulava lixo e entulho, transformada em um lugar agradável, que vai de encontro às políticas ambientais da cidade, que temos dado muita atenção.”

Porém, o local continua sendo usado para descarte irregular. Muitos motoristas e passageiros de ônibus jogam lixo pela janela, o que vai acumulando e sendo jogado para dentro do jardim. Os canteiros de flores também são utilizados como lixeiras por pedestres que fazem a travessia no local.


FOTO DE HIGOR DEL CARMO

Já são mais de 140 jardins de chuva construídos e mais estão por vir. Contudo, muitas vezes os moradores reclamam que o local escolhido para receber os jardins não são os mais adequados. Sobre estas declarações, a Central de Notícias tentou contato com a Prefeitura de São Paulo e a Subprefeitura da Capela do Socorro, mas não houve resposta até o encerramento dessa reportagem.

REPORTAGEM POR HIGOR DEL CARMO

Este projeto foi realizado com o apoio da 5a Edição do Programa Municipal de Fomento ao Serviço de Radiodifusão Comunitária Para a Cidade de São Paulo.

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